SABIÁ
Quando foste àquela casa,
ao sabor de cada asa,
que é que foi que viste lá?
Viste alguém de fino rosto,
que traja com bom gosto,
não foi mesmo sabiá?
Pousaste na laranjeira
que se ergue bem fronteira
com seu quarto de dormir?
Que tem ela mais do que as outras,
Que vês nela mais que noutras
no teu eterno ir-e-vir?
Desconfio, meu sabiá,
que o que te leva até lá
é algum secreto pendor...
És dela o seu ministrel
cuja boca anseia o mel
que flui de tão linda flor!
Mas não vás mais atrás dela,
nem voltes à sua janela
se queres conselhos sábios
Desfaz os teus sonhos, pois
alguém já privou nós dois
da corola dos seus lábios!
Humberto -- Poeta