Quando, sorrindo, vais passando, e toda
Essa gente te mira cobiçosa,
És bela -- e te não comparo à rosa,
É que a rosa, bem vês, passou de moda...
II
Anda-me às vezes a cabeça à roda,
Atrás de ti também, flor caprichosa !
Nem pode haver, na multidão ruidosa,
Coisa mais linda, mais absurda e doida.
III
Mas e na intimidade e no segredo,
Quando tu coras e sorris a medo,
Que me apraz ver-te e que te adoro, flor !
IV
E não te quero nunca tanto (ouve isto)
Como quando por ti, por mim, por Cristo,
-- mentindo -- que me tens amor...
Antero de Quental
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