Libertação
Vem camarada, vem
Render-me neste sonho de beleza!
Vem olhar de outro modo a natureza
E cantá-la também!
II
Ergue o teu coração como ninguém;
Fala doutro luar, doutra pureza;
Tens outra humanidade, outra certeza:
Leva a chama da vida mais além!
III
Até onde podia, caminhei,
Vi a lama da terra que pisei
E cobri-a de versos e de espanto.
IV
Mas, se o facho é maior na tua mão,
Vem, camarada irmão,
Erguer sobre os meus versos o teu canto.
Miguel Torga
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