A praia abandonada recomeça
logo que o mar se vai, a desejá-lo:
e como o nosso amor, somente embalo
enquanto não é mais que uma promessa...
II
Mas se na praia a onde se espedaça,
há logo nostalgia duma flor
que ali devia estar para compor
a vaga em seu rumor de fim de raça.
III
Bruscos e doloridos, refulgimos
no silêncio de morte que nos tolhe,
como entre o mar e a praia um longo molhe
de súbito surgido à flor dos limos.
IV
E deste amor difícil só nasceu
desencanto na curva do teu céu...
David Mourão-Ferreira
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