SONETO
Não pode Amor por mais que as falas mude
exprimir quanto pesa ou quando mede.
Se acaso a comoção falar concede
é tão mesquinho o tom que o desilude.
II
Busca no rosto a cor que mais o ajude,
magoado parecer aos olhos pede,
pois quando fala a tudo o mais excede
não pode ser Amor com tal virtude.
III
Também eu das palavras me arreceio,
também sofro do mal sem saber onde
busque a expessão maior do meu anseio.
IV
E acaso perde, o Amor que a fala esconde,
em verdade, em beleza, em doce enleio?
Olha bem meus olhos, e responde...
***
António Gedeão
ana/eu!
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