Monday, October 29, 2007

Na Mão de Deus - Antero de Quental





Na mão de Deus, na sua mão direita,

Descansou afinal meu coração.

Do palácio encantado da Ilusão.

Desci a passo e passo a escada estreita.


II


Como as flores mortais, com que se enfeitam

A ignorância infantil, despojo vão,

Depus do Ideal e da Paixão

A forma transitória e imperfeita.


III


Como criança, em lôbrega jornada,

Que a mãe leva ao colo agasalhada

E atravessa, sorrindo vagamente,


IV


Selvas, mares, areias do deserto...

Dorme o teu sono, coração liberto,

Dorme na mão de Deus eternamente!


Antero de Quental


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