A ILHA DO ARCANJO
«O dilúvio e a pomba»
Eu vos direi da ilha que na dorna
do Arcanjo é eterna em chão escasso.
Fulva de gado ao dia. À noite, morna.
Embebida no verde. E o mar colaço.
Ilha do alumbramento em templo torna
a unção de contemplar. Um ténue traço
de garça entre água e céu. A paz se escorna
em lagoa e lavoura o tempo e em espaço.
Tanto silêncio confiado à luz !
Treme um nenúfar se um trilo tremeluz
Caiam o sol de azul os agapantos.
Na cevadeira a broa luminosa,
romeiros nos persignam com uma nova rosa
Suas rezas joeiram pombos santos!
NATÁLIA CORREIA
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