« ... Fiz de mim o que não soube.
E o que podia fazer de mim não fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não
era e não desmenti, e perdi-me...
II
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
III
Estava bêbado, já não sabia vestir o
dominó que não tinha tirado
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário.
Como um cão tolerada pela gerência.
Por ser inofênsivo.
IV
E vou escrever esta história para provar
que sou sublime...
Álvaro de Campos
(Heterónimo de FERNANDO PESSOA)
« Nunca a fortuna põe um homem em tal altura
que não precise de um amigo! Séneca »
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